null Comissão Europeia revê em alta crescimento da economia portuguesa para 6,5% e inflação para 6,8%

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A Comissão Europeia (CE) publicou, no dia 14 de julho, as previsões económicas de verão de 2022, que reviram em alta o crescimento da economia portuguesa para 6,5%, bem como a inflação para 6,8%, no ano de 2022, o que corresponde a uma revisão em alta em 0,7 p.p. e 2,4 p.p., respetivamente relativamente às previsões económicas de primavera.

O crescimento português (o maior não só entre os países da área do euro como também da União Europeia) reflete a contínua recuperação do turismo, sendo que em 2023 se projeta uma moderação do crescimento para 1,9%, em virtude de uma desaceleração do consumo privado, investimento e da procura externa. Entre os riscos destacados pela Comissão Europeia para o crescimento português estão a invasão da Ucrânia, como também a escassez de mão de obra no setor da aviação, que poderá condicionar as visitas de turistas estrangeiros.

No que diz respeito à inflação, depois de alcançar os 6,8% este ano (a quarta mais baixa entre os países da área do euro), espera-se que a mesma atinja os 3,6% em 2023.

Para a União Europeia (UE), o crescimento de 2022 manteve-se inalterado relativamente às previsões de primavera, em 2,7%, refletindo a recuperação do último ano assim como um crescimento mais forte no primeiro trimestre deste ano, enquanto que para área do euro, o crescimento foi revisto em baixa (em 0,1 p.p.) passando para 2,6%. Para o ano de 2023, espera-se igualmente um crescimento positivo tanto para UE como para a área do euro, em 1,5% e 1,4%, respetivamente tendo, no entanto, sido revisto negativamente face a uma taxa de 2,3% para as duas geografias económicas. Esta evolução reflete uma desaceleração do consumo privado (em consequência da elevada inflação e do sentimento de incerteza) assim como do investimento (afetado pelas taxas de juro mais altas e pelos custos da energia e outras matérias), ainda que este último seja estimulado pelos projetos do PRR.

Apesar dos diferentes impactos provocados pela invasão da Ucrânia, pela política monetária, pelo corte de gás russo e pela inflação, espera-se que no final do período de previsão, todos os estados-membros atinjam ou ultrapassem os níveis de riqueza pré-pandémicos, destacando-se o Luxemburgo, a Polónia e a Estónia, com uma variação superior a 10% relativamente ao último trimestre de 2019.

Tanto a inflação do ano de 2022 da UE como da área do euro foram revistas em alta em 1,5 p.p. para 8,3% e 7,6%, respetivamente. No caso da área do euro, neste ano, a inflação deverá aumentar ainda no terceiro trimestre para uma variação homóloga de 8,4% refletindo preços mais elevados da energia, um euro mais fraco e maiores pressões salariais. Para o ano de 2023, espera-se uma desaceleração da inflação, em particular no primeiro semestre, em resultado dos efeitos base nos preços da energia e dos alimentos, sendo que a inflação deverá atingir os 4% na área do euro e 4,6% na UE. Apesar destes valores, as expetativas de inflação a médio prazo dos mercados financeiros revelam ser consistentes com o objetivo da estabilidade de preços de 2%.

Entre os riscos identificados para o crescimento económico estão: os choques nos mercados de matérias-primas (com atenção especial para o gás russo, assim como para produtos agrícolas afetados pela seca no sul da Europa, pressões inflacionistas (as quais impactam sobre o consumo privado e podem originar uma política monetária mais contracionista), a pandemia de COVID-19, assim como disrupções no espaço aéreo e a falta de mão-de-obra que podem comprometer a época de turismo. Por outro lado, ainda que os investimentos do PRR possam gerar um forte impulso à atividade económica, as restrições na cadeia de fornecimentos podem impactar negativamente no investimento.