null Saldo das Administrações Públicas continua a registar excedente orçamental, o qual melhora face ao trimestre anterior

Notas de Euro.

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As Contas Nacionais Trimestrais por Setor Institucional, publicadas pelo INE, no dia 23 de dezembro, mostram que no terceiro trimestre de 2022 (considerando dados do ano acabado no trimestre), a economia portuguesa agravou a necessidade de financiamento, que passou de 0,8% do PIB no segundo trimestre para 1,2% do PIB no terceiro trimestre.

Este agravamento resulta da deterioração dos saldos de todos os setores internos, excetuando-se as Administrações Públicas.

No caso das Famílias e Instituições Sem Fim Lucrativo ao Serviço das Famílias (ISFLSF), registou-se uma necessidade de financiamento de 429 milhões de euros (o que corresponde a 0,2% do PIB), já que apesar do aumento do rendimento disponível bruto em 1% relativamente ao trimestre anterior, as despesas de consumo final registaram um crescimento superior de 2%, resultando na quebra da poupança bruta em 14,4%. Importa realçar que este setor não verificava uma necessidade líquida de financiamento deste setor desde o terceiro trimestre de 2018, sendo que a taxa de poupança se encontra neste momento em mínimos históricos de 5,1% (mesmo nível que se verificava no segundo trimestre de 2008), continuando, assim, a tendência de descida iniciada o segundo trimestre de 2021.

Já no caso das Sociedades Não Financeiras, a necessidade de financiamento aumentou 0,5 p.p. no terceiro trimestre para 3,4% do PIB, enquanto que no caso das sociedades financeiras, a capacidade de financiamento reduziu-se para 1,2% do PIB (menos 0,2 p.p. face ao trimestre anterior).

Em sentido contrário, o saldo das Administrações Públicas melhorou significativamente face ao trimestre anterior, passando para 1,1% do PIB (0,2% no ano acabado no segundo trimestre), em resultado de um aumento de receita (cuja variação foi de 2,9%) superior ao aumento da despesa (crescimento de 0,7%). Na desagregação da despesa, a componente corrente subiu 0,6%, enquanto que a componente de capital subiu 1,9%, em resultado do crescimento do investimento (1,6%) e outra despesa de capital (2,8%).

Já relativamente à receita, esta aumentou 2,9% no ano acabado no terceiro trimestre de 2022, devido ao crescimento da receita corrente em 3,9%, já que a receita de capital diminuiu 39,1%. No caso da receita corrente, destaca-se o aumento de 10,7% da receita de impostos sobre o rendimento e património, ligado sobretudo ao aumento expressivo da receita de IRC, que reflete um efeito base (o resultado de 2021 foi condicionado pelo comportamento dos lucros das empresas em 2020).