null Seminário "A vulnerabilidade financeira e a dívida em excesso das empresas em Portugal: uma aplicação ao choque COVID-19”

Sala de trabalho de uma empresa. Pode visualizar-se várias secretárias com computadores e os seus colaboradores.

Direitos de autor da imagem: Unsplash

Realizou-se no dia 23 de junho a 62.ª edição do ciclo de Seminários GPEARI/GEE cujo tema versou sobre o artigo “A vulnerabilidade financeira e a dívida em excesso das empresas em Portugal: uma aplicação ao choque COVID-19”, da autoria de Francisco Augusto e Márcio Mateus (ambos quadros do Banco de Portugal) e cuja apresentação esteve a cargo dos dois autores.

Este trabalho teve como objetivo permitir analisar o impacto do choque económico associado à pandemia COVID-19 sobre o nível de vulnerabilidade financeira das empresas em Portugal.

Para o estudo, foram identificadas como estando em vulnerabilidade as empresas que tivessem um rácio de cobertura de juros superior a 0,5 ou o EBITDA negativo. O montante de dívida em excesso foi determinado pela diferença positiva entre a dívida das empresas e o máximo de dívida que cada empresa pode suportar sem entrar em vulnerabilidade.

Através dos dados disponíveis (2006-2018) foi possível observar que o número de empresas em vulnerabilidade, assim como o montante de dívida financeira associado a essas empresas, diminuiu de forma significativa desde 2013, acompanhando a recuperação económica após a crise soberana. Para períodos futuros, a estimação da vulnerabilidade e da dívida em excesso nas empresas foi efetuada através da correlação entre as rubricas das demonstrações financeiras das empresas e as variações dos agregados macroeconómicos.

Para a projeção do período 2019-2022 e análise do impacto da pandemia COVID-19, foram utilizados os dados do período de 2006-2018 referentes a 399.621 empresas e considerados dois cenários: um cenário central e um cenário severo, ambos com base nas projeções do Boletim Económico de dezembro de 2020 do Banco de Portugal.

Os resultados obtidos, em ambos os cenários, apontam para um aumento da vulnerabilidade financeira e da dívida em excesso em 2020 (9% e 4%, respetivamente) como consequência da contração económica, ficando, no entanto, aquém do observado na crise da dívida soberana. Para os anos de 2021 e 2022, estima-se uma diminuição da dívida associada às empresas mais vulneráveis.

Quando analisado o impacto do choque pandémico na evolução por setor de atividade, verifica-se uma heterogeneidade entre setores, sendo a indústria transformadora, o comércio e o alojamento e restauração os setores onde foram estimados os maiores aumentos dos níveis de vulnerabilidade.

Direitos de autor de imagem: Francisco Augusto e Márcio Mateus

 

Anexo

Apresentação