null FMI melhora previsão de crescimento da economia portuguesa para 2022

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Na declaração relativa à missão do Artigo IV do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Portugal, a equipa de acompanhamento referiu que o crescimento económico português deverá atingir os 4,5% em 2022 e 2% em 2023, o que corresponde a uma variação de mais 0,5 p.p. e de menos 0,1 p.p., respetivamente face às previsões do World Economic Outlook de abril de 2022. Já a inflação deverá atingir os 6% em 2022, prevendo-se que recue em 2023, devido aos preços mais baixos da energia e dos bens alimentares.
O crescimento deverá ser alicerçado pelo consumo privado, o qual será suportado por uma rápida normalização da taxa de poupança à média histórica do período pré-pandémico, pelo investimento (fruto da implementação do PRR) e pelas exportações (devendo o turismo regressar ao nível pré-pandémico em 2023).
No médio termo, o crescimento do PIB projetado situa-se abaixo dos 2%, permanecendo o nível do PIB no ano de 2027 ainda 2% abaixo do esperado em termos de tendência pré-pandémica.
Apesar de fatores positivos como a recuperação do turismo e da procura interna (suportada por altas taxas de vacinação) e potenciais retornos mais altos dos investimentos do PRR, segundo o FME existe um conjunto de riscos significativos, que decorrem não só da incerteza em torno da guerra na Ucrânia e do aparecimento de novas vagas de COVID-19, como também da eventualidade da ocorrência de insolvências (fruto do efeito do fim das moratórias) e da execução mais lenta do PRR.
Após o apoio orçamental necessário no período de 2020 a 2021, o FMI recomenda manter uma política de amplo apoio, removendo as medidas excecionais de apoio económico no âmbito da COVID-19, aconselhando ainda que as medidas de preços amplas e os cortes fiscais em resposta ao choque energético sejam substituídos por um apoio mais direcionado e temporário às famílias vulneráveis e empresas viáveis.
Em 2023, o FMI propõe um ajustamento fiscal gradual, através de reformas fiscais (restringindo a proliferação de incentivos fiscais, revendo as taxas de reduzidas de IVA e reforçando instrumentos como impostos prediais e ambientais), da racionalização da despesa corrente (reforçando a sustentabilidade das pensões, assim como da gestão financeira do Serviço Nacional de Saúde e das empresas estatais, contendo igualmente o gasto salarial público) e manutenção de um forte investimento público (em despesas de I&D, transição digital e transição climática).