null FMI revê em alta previsão para a economia portuguesa para 1% no ano de 2023

Direitos de autor da imagem: Fundo Monetário Internacional
As previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), publicadas no dia 11 de abril, no World Economic Outlook, referem que muitas economias deverão conhecer um abrandamento da atividade no ano de 2023, num ambiente em que continuam a absorver os choques da invasão da Ucrânia pela Rússia, pelo aparecimento de estirpes mais contagiosas de COVID-19, assim como pelas condições financeiras mais restritivas.
O crescimento mundial de 3,4%, em 2022, deverá passar para 2,8% em 2023 (sendo 0,1 p.p. abaixo das previsões de janeiro), alcançando os 3% no ano seguinte. A médio prazo, o FMI não espera que a economia mundial regresse aos níveis registados antes da pandemia, prevendo que o crescimento de 2028 de 3%, seja o menor valor projetado para médio prazo, considerando as publicações desde 1990. Entre os fatores para o declínio nas projeções a médio prazo, estão: o progresso da China e da Coreia na melhoria das condições e a associada diminuição das taxas de crescimento, a diminuição do crescimento da população laboral e a fragmentação geoeconómica (Brexit, disputas comerciais entre a China e os EUA e a invasão da Ucrânia pela Rússia).
No caso das economias avançadas, o crescimento passará de 2,7% em 2022 para 1,3% em 2023, acelerando para 1,4% em 2024. Apesar do crescimento de 2023 ter sido revisto em alta em 0,1 p.p. face às projeções de janeiro, 90% das economias avançadas deverão registar um abrandamento do crescimento no corrente ano.
No caso particular da área do euro, o crescimento deverá ser de 0,8% em 2023, acelerando para 1,4% no ano de 2024, o que corresponde a uma revisão de 0,1 p.p. e de -0,2 p.p., respetivamente face às previsões de janeiro. No caso particular de Portugal, o crescimento foi revisto para 1% (o que contrasta positivamente com a projeção de 0,7% nas projeções de outubro, últimas previsões que continham dados para Portugal) em 2023. Já para o ano de 2024, apesar da aceleração face a 2023, o crescimento foi revisto em baixa, passando de 2% nas projeções de outubro para 1,7%.
A Irlanda, à semelhança de 2022, deverá ser o país da área do euro com o maior crescimento tanto em 2023 (5,6%) como em 2024 (4%). Já a Estónia deverá registar o menor crescimento em 2023 (-1,2%), enquanto em 2024 será a Itália com o crescimento mais fraco (0,8%). Entre as quatro maiores economias, vale a pena destacar a previsão de crescimento negativo da Alemanha no ano de 2023 (‑0,1%).
No relatório, o FMI refere que com a desaceleração da atividade económica, deverá ser esperado um aumento do desemprego, que embora deva permanecer estável na área do euro em 2023 e 2024 (6,8%), em Portugal deverá aumentar para 6,6% em 2023, antes de uma pequena diminuição em 2024 para 6,5%.
Fora da Europa, os Estados Unidos da América, terão um crescimento de 1,6% em 2023 e de 1,4% em 2024, constituindo uma revisão em alta de 0,1 p.p. face às últimas projeções no caso de 2023. A taxa de desemprego deverá registar uma trajetória ascendente passando para 3,8% em 2023 e 4,9% em 2024.
Já no caso das economias emergentes e em desenvolvimento, as projeções são mais fortes, embora existam diferenças consoante as regiões. No caso da China, as previsões mantiveram-se inalteradas em 5,2% no ano de 2023 e 4,5% em 2023.
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A publicação refere um cenário alternativo plausível, em que se materializa um aperto nas condições de crédito, resultante de um maior stress em bancos vulneráveis, sendo que no caso de se existirem condições de financiamento mais rigorosas para todos os bancos, devido a uma maior preocupação com a solvência bancária e potenciais exposições em todo o sistema financeiro, com a consequente diminuição da oferta de crédito e spreads mais altos para empresas e famílias, tal originaria um crescimento da economia mundial de 2,5% em 2023. Os efeitos seriam mais severos para as economias avançadas, sendo que os EUA, a área do euro e o Japão teriam as maiores descidas quando comparado com o cenário base, com uma revisão negativa de cerca de 0,4 p.p. no ano de 2023.
No que diz respeito à inflação, é esperado um alívio na maioria das economias, refletindo a trajetória descendente das matérias-primas energéticas e não energéticas, bem como os efeitos de políticas monetárias mais restritivas. Excluindo os agrupamentos de bens alimentares e da energia, a inflação deverá ter uma trajetória de menor alívio. No caso da área do euro, a inflação deverá ser de 5,3% em 2023 e de 2,9% em 2024, inferior aos valores de Portugal, cuja taxa deverá ser de 5,7% em 2023 e de 3,1% em 2024, sendo que estes valores foram revistos em alta em 1 p.p. e 0,5 p.p., respetivamente.
A Lituânia deverá registar a inflação mais elevada em 2023 de 10,5%, enquanto a mais baixa será registada no Luxemburgo com 2,6%.
O FMI refere que o regresso da inflação aos objetivos dos bancos centrais apenas deverá acontecer em 2025. Neste contexto, no caso da área do euro, nenhum país deverá alcançar uma taxa inferior ou igual a 2% em 2024, sendo a menor taxa a da Bélgica (2,1%).
Os riscos associados ao cenário do FMI encontram-se do lado negativo, já que a incerteza permanece elevada, enquanto a economia mundial se ajusta aos choques do período 2020-2022 e às recentes tensões do sistema financeiro. Neste último ponto, o FMI refere que a recente turbulência bancária resultará em condições financeiras mais restritas, deteriorando a confiança das empresas e dos consumidores. Outro risco inclui uma contração mais forte derivado dos aumentos das taxas de juro tomadas pelas decisões pelos diferentes bancos centrais, sendo que a combinação de taxas de juro mais altas e menor crescimento pode provocar problemas de endividamento nas economias emergentes e em desenvolvimento. Para além disso, a inflação pode ser mais rígida, provocando uma política monetária mais restritiva que a atualmente antecipada.