null Comissão Europeia prevê crescimento de 2,4% em 2023

Conjunto de árvores com as folhas verdes vistas na perspectiva de baixo para cima

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A Comissão Europeia (CE) publicou, no dia 15 de maio, as previsões económicas de primavera de 2023, as quais procedem a uma melhoria da previsão do crescimento económico em 2023 para 2,4%, o que corresponde a uma melhoria de 1,4 p.p. (a maior revisão entre os países da União) face às previsões de inverno. Para o ano seguinte, a previsão do crescimento ficou inalterada em 1,8%.

Estas são as segundas projeções que são alvo de melhoria, após se ter conhecido a estimativa rápida do INE para o primeiro trimestre de 2,5% (e de 1,6% em cadeia), sendo, no entanto, inferiores às do FMI, que reviu a previsão do crescimento em 2023 para 2,6%.

No segundo trimestre, a Comissão prevê que a atividade económica enfraqueça no (crescimento em cadeia de 0,1%), voltando a ser mais forte nos trimestres seguintes (crescimento em cadeia de 0,3% e de 0,4% no terceiro e quarto trimestres, respetivamente), com uma gradual recuperação do rendimento disponível real dos consumidores e assim do consumo privado. De igual forma, prevê-se que o investimento melhore, considerando a descida nos preços das matérias-primas, a recuperação nas cadeias de abastecimento mundiais, assim como o recebimento de fundos europeus, devendo contrabalançar o impacto decorrente de taxas de juro mais elevadas. Neste contexto, prevê-se que o consumo privado cresça 0,5% (inalterado face às previsões de outono, as últimas com detalhe sobre as componentes do PIB), e que o investimento cresça 2,9% (constituindo uma revisão negativa de 0,6 p.p. face às últimas projeções desta componente).

No que concerne ao setor externo, para as exportações prevê-se um crescimento de 5,4% (mais 3,1 p.p. face às previsões de outono), superior ao das importações, o qual se prevê que seja de 3,3% (menos 0,1 p.p. face a novembro), devido ao bom desempenho do turismo.

No ano de 2024, a Comissão prevê que o crescimento desacelere para 1,8%, sendo que a aceleração do consumo privado e do investimento (para 1,5% e 3,6%, respetivamente) deverá ser acompanhada por um crescimento das importações de 3,6%, superior ao das exportações, em 0,4 p.p.

Fonte: Comissão Europeia

No que diz respeito à inflação, prevê-se assistir-se a uma moderação no crescimento de preços no ano de 2023, sendo que a variação do IHPC (Índice Harmonizado de Preços no Consumidor) deverá ser de 5,1% (menos 0,3 p.p. face às previsões de inverno), refletindo a evolução dos preços da energia, bens não industriais e bens alimentares, sendo que no caso destes últimos, a atenuação deverá ser suportada pela suspensão das taxas de IVA para os bens essenciais no período de 18 de abril até outubro. No ano de 2024, prevê-se que a inflação mantenha a trajetória descendente, passando para 2,7% (mais 0,1 p.p. face às previsões de inverno).

As previsões da Comissão revelam uma trajetória favorável nas contas públicas, prevendo que o défice baixe para 0,1% do PIB (mantendo-se inalterado no ano seguinte). O dinamismo das receitas governamentais deverá continuar no ano de 2023, decorrente da evolução dos impostos, e em particular, dos indiretos que ainda refletem os preços elevados. Também a despesa deverá crescer, mas a um ritmo inferior à das receitas, prevendo-se, no entanto, pressões para o aumento das despesas correntes, no que diz respeito às pressões sociais e à massa salarial do setor público. Os riscos associados às perspetivas orçamentais estão relacionados com os passivos contingentes decorrentes das linhas de crédito com garantia pública e aos processos em curso de reequilíbrio financeiro das parcerias público-privadas.

Assim, espera-se que o rácio entre a dívida pública e o PIB continue a trajetória descendente (106,2% em 2023 e 103,1% em 2024), devido diferencial positivo entre o crescimento económico e as taxas de juro e às melhorias no saldo primário.

No que diz respeito às projeções para a União Europeia (UE) e para a área do euro, existiu uma revisão positiva para o crescimento económico nas duas zonas de 0,2 p.p. em 2023 e de 0,1 p.p. em 2024. Assim para a UE, o crescimento foi revisto para 1% em 2023 e 1,7% em 2024, enquanto para a área do euro, o crescimento deverá ser de 1,1% em 2023 e de 1,6% em 2024. Esta revisão deve-se sobretudo a um melhor resultado do crescimento económico (em cadeia) no primeiro trimestre que terá sido de 0,2% na UE e de 0,1% na área do euro, de acordo com a estimativa rápida do Eurostat, evitando-se assim a estagnação que estaria prevista nas projeções de inverno.

A Irlanda deverá ser o país com o maior crescimento tanto em 2023, de 5,5% (mais 0,6 p.p. face às previsões de fevereiro), como em 2024, igual a 5% (mais 0,9 p.p.). Já o menor crescimento será na Suécia, negativo em 2023 (-0,5%) e de 1,1% em 2024 (igual ao da Itália). Para além da Suécia, também a Estónia registará um crescimento negativo em 2023 de 0,4%.

A inflação foi igualmente alvo de uma revisão positiva na área do euro, passando a ser de 5,8% em 2023 (mais 0,2 p.p. que nas previsões de inverno) e de 2,8% em 2024 (mais 0,3 p.p.), dado que as pressões sobre os preços que excluem a energia e os produtos processados continuam elevadas. Neste âmbito, as pressões nos preços dos serviços têm sido mais persistentes que o esperado, já que os efeitos prolongados da reabertura deste setor interagem com pressões salariais. Assim, nenhum membro da área do euro continuará a registar uma inflação abaixo dos 2%, no ano de 2023, sendo a mais baixa na Espanha (4%) e a mais elevada na Eslováquia (10,9%). Já no ano de 2024, apenas a Letónia deverá registar uma inflação abaixo dos 2%, em 1,7%, sendo que a mais elevada será continuará a ser na Eslováquia (5,7%).