null Comissão Europeia revê em baixa previsões económicas de Portugal para os anos de 2023 e 2024

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As previsões económicas de outono, da Comissão Europeia (CE), publicadas no dia 15 de novembro, mostram um crescimento mais fraco para Portugal, do que aquele previsto nas previsões de primavera.
Esta menor performance da economia portuguesa reflete uma procura externa mais fraca, assim como o aumento das despesas com juros por parte das famílias e das empresas. Neste âmbito, o crescimento deverá ser de 2,2% em 2023 e de 1,3%, constituindo revisões negativas de 0,2 p.p. e de 0,5 p.p. face às previsões de primavera.
No entanto, o aumento do rendimento das famílias em conjunto com a recuperação das trocas do comércio internacional e a implementação do PRR deverá originar uma melhoria da atividade económica, sendo que no ano final de projeção (2025), o crescimento deverá atingir os 1,8%.
Em sentido contrário, a inflação medida pela variação do índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC) foi revista em alta para 5,3% em 2023 (mais 0,4 p.p.) e 3,2% em 2024 (mais 0,5 p.p.), continuando, no entanto, uma trajetória descendente, apesar do crescimento forte dos salários que deverá pressionar os preços dos serviços no curto prazo. No ano de 2025, contudo, a inflação continuará acima do objetivo de 2%, em 2,4%.
O cenário é mais positivo no que toca às finanças públicas, cujo saldo deverá ser excedentário no presente ano de 2023, em 0,8% do PIB. Este resultado deve-se ao dinamismo da receita, suportado num mercado de trabalho robusto, aumentos de salários e inflação ainda elevada, enquanto a despesa se encontra contida, num contexto de reversão das medidas de combate ao COVID-19 e ao impacto líquido orçamental reduzido das medidas de apoio de energia. Para 2024, o saldo deverá ser de 0,1% e nulo em 2025. Neste âmbito, a receita deverá desacelerar em resultado das medidas de política relativamente aos impostos diretos e do abrandamento da atividade económica em conjunto com a moderação da inflação. Já a despesa deverá registar uma expansão com pressões na despesa corrente, nomeadamente no que se refere à massa salarial da função pública e às transferências sociais.
Em resultado de um diferencial favorável entre o crescimento e a taxa de juro e ao efeito do saldo primário, espera-se uma trajetória de redução da dívida pública em percentagem do PIB, que deverá ser de 103,4% em 2023, 100,3% em 2024 e 97,2% em 2025.
O principal risco ao cenário fiscal prende-se com requisitos para o reequilíbrio financeiro das parcerias público-privadas.
No caso da União Europeia e da área do euro, espera-se uma recuperação do crescimento a partir do final de 2023. Apesar do ciclo de política monetária restritiva e da elevada incerteza, a evolução dos mercados exportadores deverá tornar-se mais favorável, beneficiando dos níveis baixos nos constrangimentos nas rotas de transporte marítimo, ainda que esta dinâmica permaneça mais fraca que o esperado. Por outro lado, a erosão no poder de compra dos consumidores deverá chegar ao fim, pelo que o consumo deverá acelerar nos anos de 2024 e 2025 à medida que os rendimentos reais melhoram. Já o investimento, apesar de restringido pela política monetária, deverá crescer consistentemente, impulsionado pelas componentes de equipamento e infraestruturas. Face às previsões de verão, o crescimento foi revisto negativamente em 0,2 p.p. tanto para UE como para a área do euro (para 0,6%) em 2023 e em 0,1 p.p. no caso de 2024 (sendo o crescimento de 1,2% na área do euro e de 1,3% na UE).
Entre os 27 países da UE, 10 deverão registar um crescimento negativo: Estónia (-2,6%), Irlanda (-0,9%), Hungria (-0,7%), Luxemburgo (-0,6%), Áustria (-0,5%), Suécia (-0,5%), Lituânia (-0,4%), República Checa (-0,4%), Alemanha (-0,3%) e Letónia (-0,2%). No ano seguinte, apenas a Suécia regista um crescimento negativo de 0,2%, sendo que no final de projeção, o crescimento mais baixo regista-se na Itália e Alemanha, com 1,2%. Ao longo de todo o horizonte, Malta será o país com maior crescimento: 4% em 2023 e 2024, acelerando para 4,2% em 2025.
No caso da inflação, espera-se uma trajetória descendente, sendo que na área do euro, esta passará de 5,6% em 2023 para 3,2% em 2024 e 2,2% no ano de 2025. Esta evolução reflete o alívio nas várias categorias, em particular, bens alimentares, serviços e bens industriais não energéticos. Já no caso da energia, espera-se um contributo adicional para a inflação em 2024, num contexto de preços de petróleo e futuros mais altos. O fim das medidas de redução de preços deverá puxar a inflação da energia para terreno positivo ao longo desse ano, projetando-se que a sua contribuição seja neutral no ano de 2025.
Enquanto em 2023, as perspetivas de inflação permaneceram em 5,6% (igual às previsões de verão), no ano de 2024, a Comissão procedeu a uma revisão de 0,3 p.p. para 3,2%, devido à evolução recente do preço da energia e dos futuros das matérias-primas.
No ano de 2023, a inflação nos países da área do euro encontra-se entre os 3,2% do Luxemburgo e os 10,8% da Eslováquia. Em 2024, apenas a Finlândia registará uma inflação abaixo dos 2%, em 1,9%, enquanto a Eslováquia continuará a ser a taxa mais alta em 5,2%. Por sua vez, em 2025, 7 países terão uma inflação igual ou inferior a 2%, com a mais baixa na Croácia (1,6%) e a mais alta em Malta (3,1%).