null Banco de Portugal mais otimista quanto à evolução do crescimento económico e da inflação em 2024

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O Banco de Portugal apresentou no dia 22 de março, o Boletim Económico de março, o qual procedeu a uma revisão positiva do crescimento económico ao longo do horizonte temporal de 2024 a 2026 face às previsões do Boletim Económico de dezembro.

De acordo com a instituição, é esperado um crescimento em cadeia de 0,7% no primeiro trimestre do ano, acima do que era anteriormente esperado, de acordo com os indicadores de conjuntura, esperando-se que o crescimento trimestral de 0,6% no restante horizonte. A atividade económica deverá ser influenciada positivamente por um conjunto de fatores entre os quais: a menor inflação, as medidas expansionistas previstas no Orçamento de Estado para 2024, a aceleração da procura externa e a maior execução financeira esperada do PRR. Assim, o crescimento deverá ser de 2% em 2024, 2,3% em 2025 e 2,2% em 2026, o que corresponde a revisões positivas de 0,8 p.p., 0,1 p.p. e 0,2 p.p., respetivamente.

O crescimento da economia portuguesa deverá ser baseado nas componentes do investimento e das exportações.

No caso do investimento, o crescimento deverá ser de 3,6% em 2024 (mais 1,2 p.p. face a dezembro), e de 4,8% em média nos dois períodos seguintes, sendo suportado pelas entradas de fundos europeus. O investimento empresarial deverá registar um comportamento de maior dinâmica de 3% em 2024 e 5% em 2025-2026, em média, devido às necessidades de capital físico e tecnológico para enfrentar os desafios da transição energética e da digitalização, assim como as reconfigurações das cadeias de fornecimentos globais. No caso do investimento residencial, este deverá reduzir em 2024 e recuperar nos anos seguintes, devido aos ajustamentos decorrentes das decisões de política monetária.

Por sua vez as exportações deverão crescer em 3,5% em 2024 (mais 1,1 p.p. face a dezembro) e de 3,7%, em média nos anos seguintes. Este crescimento está relacionado com a evolução da procura externa e com ganhos de quota de mercado. No caso das exportações de serviços, o crescimento projetado será de 4% no período de 2024 a 2025, sendo que no presente ano, o turismo apresentará um dinamismo positivo, em resultado de perspetivas mundiais favoráveis, em que Portugal aparece como um destino seguro num contexto de riscos geopolíticos. Já as exportações de bens devem crescer 3,2% em 2024 e 3,7% em média nos anos seguintes. À semelhança da revisão positiva nas exportações, as importações foram igualmente revistas em alta ao longo de todo o horizonte temporal, sendo que em 2024, o crescimento será de 4,2% (mais 1,4 p.p.).

Neste contexto, a economia deverá apresentar uma capacidade de financiamento de 3,9% do PIB no período de projeção, resultado de um aumento do saldo de bens e serviços e das balanças de rendimento e capital em resultados de maiores transferências líquidas da União Europeia.

No que respeita ao consumo privado, no ano de 2024, o crescimento de 2,1% (mais 1,1 p.p. face a dezembro), será mais contido face ao aumento esperado do rendimento disponível real de 4% e da taxa de poupança, decorrente da necessidade da constituição de almofadas financeiras num contexto de taxas de juro mais altas. Nos anos seguintes, o crescimento médio de 1,9% está em linha com o do rendimento disponível, sendo que a taxa de poupança deverá estabilizar em valores superiores aos pré-pandémicos, levando a esta seja canalizada para a amortização da dívida. Associado com o crescimento do rendimento disponível real está o aumento do emprego, com crescimentos de 0,7% em 2024 e 0,6% em 2025 e 0,5% em 2026.

A inflação foi revista em baixa no ano de 2024 para 2,4% (menos 0,5 p.p.). Ao longo deste ano, a inflação deverá ser afetada por efeitos temporários, em particular, sobre os bens alimentares (cujos preços aumentaram em janeiro devido ao fim do IVA zero), assim como sobre os energéticos (em resultado da subida do preço da eletricidade em janeiro). No caso da subjacente (que exclui alimentares e energéticos), esta deverá atingir os 2% em 2024, no âmbito de uma desaceleração em resultado da transmissão desfasada da redução dos custos das matérias-primas e bens intermédios e de menores pressões do impacto da política monetária. As menores pressões internas, em conjunto com o crescimento inferior a 2% para os preços das importações, permitirão a convergência da inflação para valores consistentes com a estabilidade de preços.

Entre os riscos para a atividade económica estão: escalada de tensões geopolíticas, menor crescimento da procura externa, impacto mais profundo do aperto das condições monetários e financeiras, incerteza na condução da política económica e atrasos na execução dos fundos europeus. No caso da inflação, os riscos decorrentes da perturbação nos mercados energéticos são mitigados pelo impacto das decisões passadas de política monetária.