null OCDE procede a uma revisão em alta do crescimento português no ano de 2024 para 1,6%

Quatro aviões em origami em cores diferentes.

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As mais recentes previsões da OCDE, publicadas no dia de 2 de maio, referentes ao Economic Outlook, mostram uma revisão em alta para o crescimento económico português para o ano de 2024 (mais 0,4 p.p.) para 1,6%, mantendo-se inalteradas em 2% para o ano de 2025, relativamente às previsões de novembro.

De acordo com as explicações da instituição, apesar do crescimento forte dos salários, o crescimento do consumo privado permanecerá contido, devido ao menor dinamismo do emprego, à inflação ainda alta e aos custos com o serviço da dívida.

Apesar do crescimento mundial modesto e a incerteza pesaram negativamente no caso das exportações e do investimento, estes fatores deverão desvanecer, esperando-se uma recuperação da atividade nos principais parceiros portugueses.

No que diz respeito à inflação, medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), esta deverá continuar o processo de alívio, passando para 2,4% em 2024 e 2% em 2025, constituindo revisões, respetivamente em baixa de 0,9 p.p., e 0,4 p.p. face às últimas previsões de novembro. Esta trajetória reflete a estabilização dos preços da energia e dos bens alimentares, assim como a diminuição das pressões no caso dos serviços.

No caso da inflação, a OCDE nota que os cortes de impostos e o aumento de transferências sociais e de salários da função pública ainda que possam contribuir para apoiar o rendimento dos consumidores, tais fatores podem atrasar o processo desinflacionista. Esta situação verifica-se igualmente caso o emprego e os salários registem um melhor comportamento. No sentido inverso, se a execução do PRR for mais atrasada, o crescimento e a inflação podem reduzir-se.

Relativamente às contas públicas, a OCDE nota que a política fiscal deverá ser menos restritiva, esperando-se um saldo orçamental de 0,3% nos dois anos. Apesar do saldo beneficiar da eliminação das medidas de apoio no âmbito do surto inflacionista, outras medidas de suporte deverão pressionar o saldo tais como os gastos do PRR, os aumentos dos salários da função pública e indexação das prestações de reforma, novas transferências sociais dirigidas, a redução do IRS, subsídios de apoio à renda e hipotecas mais prolongadas, assim como novos incentivos ao investimento.

Nas recomendações da instituição, esta refere que é necessário um maior crescimento, despesas mais eficientes e um quadro fiscal mais forte para enfrentar as pressões derivadas do envelhecimento e das necessidades de investimento. Relativamente às contas públicas, a aplicação de novas normas contabilísticas, o desenvolvimento da orçamentação de desempenho e a redução de despesas fiscais são essenciais para melhorar a estrutura e eficiência das despesas. Estas medidas revelam-se necessárias, já que apesar do rácio da dívida pública relativa ao PIB, estar a diminuir (95,7% e 92,5 previstos para os anos de 2024 e 2025, respetivamente), este continua bastante elevado.

Por outro lado, deve-se proceder a um reforço gradual das tarifas de carbono e ao alinhamento dos preços entre setores e combustíveis, protegendo os grupos mais vulneráveis para atingir os objetivos climáticos.

A execução do PRR revela-se como fundamental para o crescimento, devido a investimentos na gestão pública, infraestrutura verde e aquisição de competências, pelo que assegurar a sua completa implementação, assim como reforçar os programas de aquisição de aprendizagens e diminuir as barreiras de entradas nos setores dos serviços e do comércio a retalho permitem ganhos.

Já no caso do crescimento mundial, este deverá estabilizar e recuperar ligeiramente ao longo dos anos de 2024 e 2025, refletindo uma melhor performance nos E.U.A e em algumas economias emergentes. Assim, para os E.U.A, o crescimento foi revisto em alta em 0,5 p.p. e em 0,1 p.p. face às previsões de fevereiro, nos de 2024 e de 2025, para 2,6% e 1,8%, respetivamente. Se por um lado, os custos de financiamento mais elevados e o alívio do apoio do aumento do preço dos ativos e o esgotamento das poupanças acumuladas durante a pandemia deverão moderar a procura interna, a política monetária tenderá a ser menos restritiva, promovendo uma recuperação.

De igual forma, a política orçamental mais estimulante na China deverá sustentar a procura interna, apesar da fraqueza no setor imobiliário. O crescimento de 4,9% em 2024 e de 4,5% em 2025 representam revisões em alta de 0,2 p.p. e de 0,3 p.p., respetivamente.

Para a área do euro, a instituição espera que uma recuperação gradual da atividade, devido ao alívio das condições financeiras, preços menos elevados da energia e menor incerteza. O mercado de trabalho continuará numa situação rígida, com desemprego baixo e um crescimento salarial forte, que impulsionará uma retoma no consumo, reforçado pelo processo de desinflação. Já o investimento será apoiado por condições financeiras menos restritivas e pela execução de fundos europeus no âmbito do NextGenerationEU. Assim, o crescimento de 0,7% em 2024 e de 1,5% em 2025, corresponde a revisões em alta de 0,1 p.p. e de 0,2 p.p. relativamente às previsões interinas. No caso da inflação, esta deverá continuar a desacelerar para 2,3% em 2024 e 2,2% em 2025, à medida que as pressões nos custos aliviam. Estes números constituem uma revisão em baixa de 0,3 p.p. para o ano de 2024, mantendo-se inalteradas para o ano de 2025.