null Banco de Portugal mais otimista quanto à evolução do crescimento económico e da inflação em 2024

Gráfico de barras com seta em sentido ascendente

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No dia 7 de junho, o Banco de Portugal apresentou o Boletim Económico de junho, o qual manteve inalteradas as previsões de crescimento económico para o período de 2024 a 2026 inalteradas face ao Boletim Económico de março.

Na análise, a instituição refere que se projeta uma dissipação dos efeitos associados com os choques mais recentes sobre a economia e um ambiente internacional mais favorável. Neste contexto, a procura interna beneficiará da redução da inflação, de condições financeiras menos restritivas e pela implementação dos projetos relacionados com fundos europeus.

O investimento, medido pela FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo) deverá ser a componente da procura interna com maior crescimento ao longo do período de projeção: 3,3% em 2024, 6,1% em 2025 e 5% em 2026. No ano de 2024, a evolução de aceleração (embora face às previsões de março, tenha sido revista negativamente em 0,3 p.p.), é explicada por recebimentos de fundos europeus. Nos anos seguintes, o investimento deverá continuar a acelerar em resultado da atenuação das condições de financiamento menos restritivas, assim como da execução de projetos de fundos europeus. No caso do investimento em habitação, este deverá cair em 2024, devido às limitações com a mão-de-obra no setor e à restritividade da política monetária.

Por sua vez, o consumo privado deverá registar um crescimento em volta dos 1,9% no período de projeção, em resultado da aceleração do rendimento disponível real, em virtude da redução da inflação e de um crescimento estável no rendimento disponível nominal, em que o abrandamento dos salários é compensado pela redução dos impostos diretos e pelo aumento de transferências internas.

No caso das exportações, prevê-se um crescimento próximo da procura externa, sendo de 4,2% em 2024, desacelerando nos anos seguintes para 3,7% em 2025 e 3,4% em 2026. Ao longo deste período as exportações tornam-se mais equilibradas entre bens e serviços, apesar do turismo continuar a manter-se como a componente mais dinâmica, em virtude da redução da inflação e da imagem de Portugal como país seguro.

A aceleração da FBCF e a recomposição das exportações origina uma maior procura de componentes de maior conteúdo importado, o que se traduz num crescimento das importações de 4,3% em 2024 e 2025 e de 3,5% em 2026.

Relativamente à inflação, projeta-se uma trajetória de desaceleração para 2,5% em 2024, 2,1% em 2025 e 2% em 2026, em resultado de um alívio quer nas pressões externas (dissipação dos choques sobre os preços internacionais das matérias-primas) quer internas (desaceleração dos custos unitários do trabalho e crescimento moderado da margem bruta de exploração).

Nos próximos anos, o excedente orçamental deverá ser de menor dimensão: 1% em 2024, 0,8% em 2025 e 0,6% em 2026, fruto de uma política expansionista. Apesar da reversão das medidas de compensação pelo aumento de preços, esta é insuficiente para fazer face às medidas aprovadas no Orçamento de Estado de 2024, em particular, as respeitantes ao IRS e ao reforço das prestações sociais de combate à pobreza. Para 2025 e 2026, o saldo será ainda negativamente afetado pelo impacto dos programas do PRR financiados através de empréstimos.

A dívida pública em percentagem do PIB continuará a seguir a trajetória de redução, passando para 92,5% em 2024, e esperando-se que em 2026 alcance os 82,7%.

Apesar desta trajetória da dívida, a instituição alerta que em cenários desfavoráveis (de menor crescimento e de política orçamental expansionista), possam ocorrer défices que impedem o cumprimento de requisitos de redução do rácio da dívida, que está previsto nas novas regras orçamentais. O Banco de Portugal avisa ainda que, segundo estas regras, não existirá margem para aumentos de despesa ou redução de receitas que não estejam compensados por outras medidas que visem o equilíbrio. O rácio da dívida é especialmente sensível, num contexto em que os efeitos do envelhecimento se irão acentuar no futuro.

Ainda que marcada por fatores de incerteza relativamente ao contexto internacional (tensões geopolíticas e evolução da política monetária nos E.U.A, o Banco de Portugal aponta para um balanço equilibrado relativamente à atividade económica. Já no caso da inflação, esta pode ser mais alta devido ao contexto internacional, e à evolução do preço dos serviços marcados ainda por uma persistência, em resultados de efeitos indiretos e de segunda ordem.