null Conselho das Finanças Públicas melhora previsões de crescimento económico

Arco da Rua Augusta (Lisboa) com estátua de São José ao fundo (Praça do Comércio).

Direitos de autor da imagem: CFP (Conselho das Finanças Públicas)

No dia 19 de setembro, o Conselho de Finanças Públicas (CFP), atualizou as Perspetivas Económicas e Orçamentais de 2024 a 2028, o qual procedeu a uma revisão em alta do crescimento económico para 2024 (mais 0,2 p.p. para 1,8%) e 2025 (mais 0,5 p.p. para 2,4%), face às previsões de abril.

Esta melhoria decorre para além da incorporação das Contas Nacionais Trimestrais do segundo trimestre, de perspetivas mais positivas tanto para o consumo privado, em resultado da incorporação de novas medidas de política, como para as exportações no seguimento de atualização de pressupostos para a procura externa.

Assim, no caso do consumo privado, o crescimento deverá ser de 1,8% em 2024 (mais 0,4 p.p. face às últimas previsões), acelerando para 2,5% no ano de 2025. Para além das medidas de estímulo ao rendimento (através da diminuição das taxas de retenção na fonte do IRS), que está concentrado em agregados familiares com maior propensão marginal a consumir, o consumo privado beneficia de perspetivas favoráveis no mercado de trabalho. Em particular, o CFP perspetiva crescimentos de 1,4% em 2025 e de 0,7% em 2025 para o emprego, enquanto as remunerações crescerão 7,3% e 4,5%, respetivamente. A situação financeira das famílias beneficia igualmente da trajetória de alívio da inflação e de condições de financiamento menos restritivas por via de uma política monetária menos restritiva por parte do BCE. Nos anos seguintes, o consumo privado deverá convergir para valores em torno de 2%, devido ao abrandamento das remunerações reais por trabalhador, sendo suportado, por uma redução da taxa de poupança.

Para as exportações, espera-se um crescimento de 3,6% em 2024, que é reduzido para 2,8% no ano seguinte (o que corresponde a revisões positivas de 0,8 p.p. e de 0,3 p.p., respetivamente). No enanto, projeta-se que a procura externa dirigida à economia portuguesa acelere face a 2023, num contexto de maior dinamismo dos parceiros comerciais de Portugal. A médio prazo, o ritmo de crescimento das exportações deverá atingir os 2,2%. Para as importações, após uma variação esperada de 3,6% em 2024, perspetiva-se uma aceleração para 5%, em que as componentes com maior conteúdo importado exibem maior dinamismo e se beneficia de variações de preços inferiores às da procura interna.

Em contraste com as duas componentes acima referidas, o investimento sofreu uma revisão negativa de 1,6 p.p. em 2024. O CFP realça o comportamento de rubricas relacionadas com a aquisição de máquinas e equipamentos e construção na evolução da Formação Bruta de Capital no primeiro semestre de 2024. A instituição perspetiva que o investimento acelere na segunda metade do ano, especialmente na componente pública, em resultado de uma maior execução do PRR.

Já para o ano de 2025, o crescimento de 8,7%, corresponde a uma melhoria de 3,1 p.p.., devido à expetativa de um aumento no ritmo de execução dos fundos europeus associados ao PRR, com taxas de execução mais elevadas para os dois últimos anos do programa. Com o fim do programa, o investimento deverá registar um crescimento negativo de 2,4% em 2027, recuperando no ano seguinte para 2,7%.

No caso da inflação, o CFP procedeu a uma ligeira revisão em alta para o IHPC para 2,7% em 2024 (mais 0,1 p.p.), mantendo o valor de 2025 em 2,2%. A desaceleração reflete hipóteses de evolução moderada dos preços de importação de bens e serviços.

Já relativamente às contas públicas, o CFP procedeu a uma revisão em alta do saldo orçamental para 2024, devendo atingir os 0,7% do PIB (mais 0,2 p.p.) devido ao melhor desempenho da receita fiscal e contributiva e dividendos que compensa o impacto de novas medidas de política e atualização das medidas de resposta à inflação e choque geopolítico. Para o ano de 2025, o saldo deverá baixar para 0,4% do PIB (0,6% do PIB nas anteriores previsões), em resultado do impacto das novas medidas de política que implicam a redução de receita e aumento de despesa. Enquanto em 2026, a utilização expressiva dos empréstimos do PRR originará um saldo de 0,1% do PIB, nos anos seguintes perspetiva-se uma recuperação do excedente orçamental. Neste contexto, a dívida pública seguirá uma trajetória mais positiva, alcançando os 92,4% do PIB em 2024 e os 88% do PIB em 2025, devendo terminar nos 78,3% do PIB no final de horizonte de projeção.