null Comissão Europeia mantém projeções de crescimento económico em Portugal inalteradas

Tronco e copa de diversas árvores com folhas de outono, vistas na perspetiva de baixo para cima. No canto superior esquerdo contem a descrição

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No dia 15 de novembro, a Comissão Europeia (CE) publicou as previsões de outono, as quais mantiveram o crescimento para Portugal nos anos de 2024 (1,7%) e 2025 (1,9%) relativamente às previsões de primavera. Para 2026, a CE projeta um crescimento de 2,1% em 2026.

Para esta evolução de maior dinamismo do crescimento português, contribuirá principalmente a procura interna, a qual será estimulada positivamente pela moderação das taxas de juro. Em particular, espera-se que o consumo privado beneficie do crescimento dos salários, enquanto o investimento será impulsionado pela implementação do PRR.

No caso do setor externo, o turismo continuará a desempenhar um papel importante, embora com menor influência face a anos anteriores. Num contexto de recuperação da procura de bens de investimento, as importações apresentarão um crescimento superior (em média de 4,3% no período de 2024 a 2026) à das exportações (3,3% no mesmo período).

O crescimento de Portugal é superior ao da área do euro e da União Europeia (U.E), no período de projeção. Face às previsões da primavera, o crescimento foi revisto em baixa na U.E (tanto no ano de 2024 como no ano de 2025 em 0,1 p.p.), e na área do euro (no ano de 2025 em 0,1 p.p.). De acordo com a CE, o crescimento tem sido ligeiramente mais fraco que o antecipado em resultado do impacto de condições de financiamento mais restritivas e de uma procura externa mais fraca relativamente ao investimento e às exportações.

Entre os países da U.E, cinco deverão registar um crescimento negativo no presente ano: Estónia, Áustria, Irlanda, Finlândia e Alemanha. Nos anos seguintes, os menores crescimentos serão registados na Alemanha, enquanto Malta registará aquele mais significativo.

A inflação em Portugal deverá continuar a abrandar para 2,6% em 2024, 2,1% em 2025 e 1,9% em 2026, em linha com a evolução esperada na área do euro. No caso de Portugal, a inflação foi revista em alta (0,3 p.p. no ano de 2024 e 0,2 p.p. no ano de 2025), enquanto na área do euro, esta foi revista em baixa no ano de 2024 (0,1 p.p.).

 A CE espera que a nível europeu, os menores preços das matérias-primas suavizem as pressões inflacionistas no caso da energia e dos produtos alimentares. Em particular, perspetiva-se que os preços do petróleo, gás e eletricidade baixem significativamente em 2026, implicando uma inflação moderada no setor da energia na última parte do horizonte de projeção. No caso dos produtos alimentares, a variação homóloga dos preços deverá abrandar ligeiramente no curto prazo, estabilizando posteriormente, em torno das médias históricas a partir de meados de 2025, à medida que as pressões descendentes das matérias-primas produzem efeitos. No caso dos serviços, as pressões deverão ser atenuadas a partir de 2025, em virtude de um crescimento mais fraco dos salários, uma recuperação da produtividade e o desvanecimento dos vários choques dos últimos anos. A trajetória descendente deverá ser reforçada por efeitos de base consideráveis. Neste contexto, a inflação subjacente deverá refletir a dinâmica dos preços dos serviços, permanecendo acima do indicador geral no período de projeção.

Entre os países da área do euro, no período de projeção, a Lituânia apresentará a inflação mais baixa em todos os anos, enquanto os valores mais elevados serão registados na Bélgica, no ano de 2024, e nos anos seguintes, na Eslováquia. Para além da Lituânia, outros 4 países registarão inflação igual ou abaixo dos 2% nos anos de 2024 e 2025.

No que diz respeito às contas públicas, o excedente orçamental deverá baixar em 2024 para 0,6% do PIB, em que apesar da expansão da receita (que beneficia das receitas fiscais e das contribuições sociais em virtude de atividade económica sustentada, maior rendimento disponível e um mercado de trabalho resiliente, em que o emprego deverá continuar a crescer a um ritmo moderado permitindo um declínio da taxa de desemprego), a despesa deverá ser pressionada por pagamentos e aumentos extraordinários na massa salarial pública. Em 2025, o saldo continuará a deteriorar-se devido ao impacto de medidas, como a redução do IRC, a revisão do IRS, a atualização do IRS jovem e os aumentos dos salários públicos. Os riscos para o saldo são em baixa, relacionados com os processos em curso para o reequilíbrio das parcerias público-privadas.

Ao nível da área do euro, mais dois países registarão excedente orçamental nos três anos: Irlanda e Chipre.

Assim, em Portugal, o rácio da dívida pública continuará a cair, embora a um ritmo menor, atingindo os 90,5% do PIB em 2026.

Table 1: Overview - the Autumm 2024 Forecast (PIB real, inflação, taxa de desemprego, balança corrente, saldo orçamental) para os anos 2024 a 2026 dos países da UE.

Fonte: Comissão Europeia - Autumn 2024 Economic Forecast