null OCDE revê em alta o crescimento económico de Portugal no ano de 2024 para 1,7%

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No dia 4 de dezembro, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) publicou o Economic Outlook, o qual procedeu a uma revisão do crescimento económico de 2024 para 1,7%, mais 0,1 p.p. relativamente às previsões de maio. Esta previsão de maior crescimento em 2024 reflete uma correção em alta das componentes do consumo privado (mais 1,2 p.p. para 2,7%) e das exportações (mais 1,1 p.p. para 4,2%). Já o investimento foi alvo de uma revisão negativa para 1% (menos 2,9%).
Para o ano de 2025, a previsão manteve-se em 2%, crescimento que se mantém em 2026.
De acordo com as explicações da instituição, a utilização de fundos europeus e uma política monetária menos restritiva impulsionam o investimento (cujo crescimento médio será 5,1% nos anos de 2025 e 2026), enquanto a recuperação dos principais parceiros europeus favorece as exportações (crescimento médio de 3,3%). De igual modo, as perspetivas relativas ao consumo privado são positivas (cujo crescimento passará para 2% em 2025 e 1,7% em 2026) apoiadas por um forte crescimento salarial (de 5,4% em 2025 e 4,3% em 2026), crescimento do emprego (em média de 0,5%), assim como pelo processo de desinflação e alívio dos custos com o serviço da dívida. De igual forma, as medidas de política como o corte de impostos, o aumento de transferências sociais e de salários públicos beneficiam o rendimento disponível.
O crescimento português deverá assim, ser superior, ao registado na área do euro ao longo do período de projeção: 0,8% em 2024, 1,3% em 2025 e 1,5% em 2026, correspondendo a uma revisão em alta face às previsões interinas de setembro para o ano de 2024 (0,1 p.p.). A gradual aceleração do crescimento da área do euro reflete a eliminação da capacidade não utilizada, a utilização dos fundos europeus que beneficia o investimento, assim como um crescimento mais forte do consumo privado em virtude da situação de rigidez no mercado de trabalho e do processo de desinflação.
Enquanto no ano de 2024, o maior crescimento, entre os países presentes na projeção pertencentes à área do euro, será na Croácia (3,7%), nos dois anos seguintes, este será registado na Irlanda (crescimento médio de 3,6%). Por sua, os menores crescimentos serão registados na Estónia no ano de 2024 (-0,9%) e na Alemanha no ano de 2025 (0,7%). No ano de 2024, para além da Estónia, mais cinco países terão crescimento negativo: Áustria, Irlanda, Letónia, Finlândia e Alemanha.
Gráfico: Taxa de crescimento (%) (Fonte: OCDE)
No que respeita à inflação (medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor), a OCDE estima um valor de 2,7% em 2024, moderando-se nos anos seguintes para 2,2% em 2025 e 2,1% em 2026 em virtude da estabilização dos preços dos bens alimentares e energéticos, enquanto as pressões sobre os preços dos serviços diminuem de forma mais lenta. Uma descida na taxa de poupança e um crescimento salarial mais forte podem estimular o consumo privado, mas igualmente a variação de preços dos produtos petrolíferos. Por oposição, a implementação mais lenta do PRR implica menor crescimento e inflação.
Face à área do euro, a inflação em Portugal fica assim ligeiramente superior: 2,4% em 2024, 2,1% em 2025 e 2% em 2026. Entre os países da área do euro, a taxa mais baixa em 2024 será verificada na Finlândia (0,9%), enquanto no ano de 2025 será na França (1,6%). Para além da Finlândia, mais cinco países terão uma taxa de inflação igual ou inferior a 2% em 2024: Lituânia, Letónia, Itália, Irlanda e Eslovénia.
Por sua vez, as taxas mais altas serão verificadas na Bélgica em 2024 (4,3%) e na Eslováquia em 2025 (4,4%).
Gráfico: Taxa de inflação (%) (Fonte: OCDE)
Apesar da OCDE prever que a política orçamental permaneça estimulante, os excedentes orçamentais e o crescimento nominal do PIB permitirão reduzir o peso da dívida pública para 89,3%.
Nas recomendações para Portugal, a OCDE alerta para a necessidade de crescimentos sustentáveis da produtividade, maior emprego e uma maior eficiência dos gastos públicos para enfrentar o envelhecimento da população e a insuficiência de investimento, incluindo em capital humano. Entre as medidas sugeridas estão: continuar a aplicar novas normas contabilísticas, desenvolver orçamentos com base no desempenho, redução de despesas fiscais, fortalecer os impostos relacionados com o ambiente e a propriedade, protegendo os grupos mais vulneráveis ao mesmo tempo, reduzir as barreiras de entrada no setor dos serviços e utilizar avaliações de impacto regulamentar. Para mitigar as carências de mão-de-obra, a instituição recomenda aconselhamento na orientação de estudo, requalificação de opções, assim como melhores serviços de cuidados de crianças para de baixos rendimentos para aumentar a participação de mulheres.