null FMI revê em baixa perspetivas económicas, num contexto de tensões comerciais

Direitos de autor da imagem: Fundo Monetário Internacional (FMI)
No dia 22 de abril, o Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgou o World Economic Outlook, o qual procedeu a correções em baixa do crescimento económico para a maioria das economias quando comparado com as projeções de janeiro, refletindo o aumento de direitos aduaneiros para níveis não observáveis num século assim como o elevado nível de incerteza.
Entre as economias avançadas, os E.U.A destacam-se com a maior revisão em baixa (0,9 p.p.) do crescimento para o ano de 2025 (1,8%), decorrente da incerteza política, tensões comerciais, e perspetivas de procura mais moderadas devido ao menor crescimento do consumo. O efeito das tarifas permanecerá em 2026, cujo crescimento baixa para 1,7%.
Para a área do euro, o crescimento permanecerá fraco em 2025 (0,8%, menos 0,2 p.p.) devido ao nível de incerteza e direitos aduaneiros. No ano seguinte, a instituição prevê uma retoma modesta para 1,6%, na sequência de um consumo mais forte apoiado por aumentos de salários reais e por uma política fiscal mais expansionista na Alemanha decorrente de alterações no travão da dívida. A economia alemã continuará, no entanto, com crescimentos inferiores à média do conjunto dos países da moeda única com uma variação nula em 2025 e de 0,9% em 2026. Por sua vez, Espanha é destacada com um crescimento de 2,5% em 2025, sendo um dos poucos países com revisão positiva, em consequência de um melhor resultado de 2024 e da atividade de reconstrução após as cheias.
Face às previsões de outubro, Portugal registou uma revisão em baixa no crescimento de 0,3 p.p. tanto no ano de 2025 como no ano de 2026, passando para 2% e 1,7%, respetivamente. Entre os países da moeda única, Malta registará o melhor crescimento (3,9% em ambos os anos), enquanto Áustria será o único com crescimento negativo em 2025 (-0,3%).
No caso da China, o crescimento foi alterado de forma negativa em 0,6 p.p. para 4% no ano de 2025, em que o efeito dos direitos aduaneiros anula o efeito de arrastamento de 2024 e a política expansionista. Também a Índia sofreu uma redução nas perspetivas, apesar de este permanecer acima dos 6%.
A instituição refere que os elevados níveis de ambiguidade tornaram difícil a construção de um cenário central. Assim, os valores mencionados acima são baseados tendo em conta as medidas de direitos aduaneiros anunciados pelos E.U.A entre 1 de fevereiro e 4 de abril originando um crescimento mundial de 2,8% em 2025. O FMI apresenta igualmente duas alternativas para o crescimento mundial: uma com informação anterior a 2 de abril, com crescimento mundial de 3,2% em 2025 e 2026 e outra com as medidas anunciadas pós dia 4 de abril, que originam previsões semelhantes ao cenário de referência.
Relativamente à inflação, a instituição procedeu a uma revisão em alta no caso dos E.U.A para 3% (mais 1 p.p.), derivado das dinâmicas persistentes nos preços dos serviços, do recente impulso no crescimento do preço de bens essenciais (excluindo alimentos e energia) e do choque dos recentes direitos aduaneiros.
Já no caso da área do euro, a previsão permaneceu inalterada em 2,1% no ano de 2025, tendo sido revista ligeiramente em baixa em 2026 para 1,9%. Em ambos os anos, a inflação será mais baixa na França e mais alta na Estónia.
Para Portugal, as previsões são de 1,9% em 2025 e de 2,1% em 2026, o que corresponde a uma redução de 0,2 p.p. e uma subida de 0,1 p.p., respetivamente face às previsões de outubro.
De forma geral, os riscos são descendentes estando relacionados com o escalar de guerra comercial e prolongada incerteza, volatilidade dos mercados financeiros e potenciais correções, taxas de juros mais altas, descontentamento social, desafios na cooperação internacional e declínio da oferta de trabalho em resultado de menores fluxos migratórios.
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